Existe um número crescente de estudos científicos a mostrar que a alimentação pode afetar a saúde através da microbiota intestinal.
Ao modular a nossa alimentação, podemos, também, modular os nossos micróbios. Os micróbios podem contribuir para a gravidade ou o aparecimento de uma doença, mas se a alimentação diária não está optimizada/ não é saudável, essa é a primeira causa.
Os seres humanos e a microbiota intestinal estão numa relação simbiótica. A microbiota intestinal cumpre importantes tarefas metabólicas e imunológicas, e o comprometimento da sua composição pode alterar a homeostase e levar ao desenvolvimento de doenças diversas.
As doenças mais comuns associadas a alterações da microbiota intestinal incluem a doença inflamatória intestinal, infecções gastroentéricas, síndrome do intestino irritável e outras doenças gastrointestinais funcionais, cancro do colorretal, síndrome metabólica e obesidade, doenças hepáticas, doenças alérgicas e doenças neurológicas, como o autismo.
Em teoria, todas as doenças associadas ao comprometimento da microbiota intestinal podem beneficiar da modulação da microbiota intestinal.
A Alimentação e a Modulação Intestinal
Os padrões alimentares têm, de facto, efeitos diferentes na microbiota de pessoa para pessoa, sendo que os probióticos, prebióticos e simbióticos podem ser interessantes na modulação da microbiota intestinal humana, trazendo inúmeros benefícios para a saúde.
Cada indivíduo possui uma microbiota intestinal única (tal como a impressão digital!), composta por bactérias distintas, adquiridas aquando do nascimento, e que se desenvolve de acordo os hábitos de vida, o uso de fármacos, o stress e, até, a localização geográfica.
A utilização de antibióticos, sedentarismo e processos infecciosos do trato gastrointestinal podem alterar permanentemente ou transitoriamente o ecossistema intestinal… Mas um factor crucial é a alimentação diária! A nossa alimentação afeta a sobrevivência e o metabolismo dessas bactérias, causando alterações no padrão de colonização bacteriana e gerando processos inflamatórios no organismo.
Alimentos ultraprocessados, emulsificantes, o excesso de gordura e açúcar refinado fornecem menores quantidades de fibras, levando à menor produção de ácidos gordos de cadeia curta pela microbiota intestinal, sendo estes produtos imunomoduladores essenciais! Com a permeabilidade intestinal aumentada, além de existir uma redução na absorção de nutrientes, podem ocorrer alterações como diarreia (associada a infecções ou ao tratamento por antibióticos), alergias alimentares, eczema atópico, doenças inflamatórias intestinais, entre outras.
Como fazer a Modulação Intestinal?
A modulação Intestinal é um conjunto de intervenções no trato gastrointestinal, com o intuito de reequilibrar as bactérias da microbiota. Será possível obter diversos benefícios, como melhoria dos sintomas gastrointestinais, a disposição, o aumento da energia, a prevenção de doenças, o equilíbrio hormonal, o fortalecimento do sistema imunológico, entre outros.
Existem alimentos antiinflamatórios e prebióticos que atuam de forma a reforçar as nossas defesas, equilibrando a microbiota. Por isso, uma das abordagens que mais usamos nas Consultas de nutrição e no Curso “Guia da Saúde Intestinal” da Ouve o Teu Corpo é a inclusão de prebióticos na dieta, bem como um entendimento dos pilares essenciais de uma boa saúde intestinal, para que o cliente aprenda, transforme e se torne autónomo.
Os prebióticos são substâncias fermentáveis, não digeríveis, que ativam o metabolismo de bactérias benéficas no trato intestinal e modificam a composição do ecossistema intestinal. Já os probióticos vão criar uma ambiente favorável à proliferação de bactérias benéficas.
É importante referir que a suplementação de probióticos, prebióticos e simbióticos, assim como a mudança alimentar, devem ser feitos por um nutricionista registado na Ordem dos Nutricionistas, pois o uso incorreto pode causar resultados indesejados.